Criar um Site Grátis Fantástico
ALIMENTAÇÃO DAS PESSOAS VIVENDO COM HIV/SIDA

ALIMENTAÇÃO DAS PESSOAS VIVENDO COM HIV/SIDA

HIV – Vírus de Imunodeficiência Humana

SIDA – Síndrome de Imunodeficiência Deficiência Adquirida

A desnutrição e a infecção pelo HIV operam numa relação sinergética.

O aumento das necessidades nutricionais não supridas, aliadas  à falta de apetite e os problemas de absorção intestinal, bem como, outras complicações relacionadas ao HIV contribuem para desnutrição.

A etiologia da desnutrição no HIV é multifactorial e ocorre devido a:

Mudança no gasto energético, que é causado pelo aumento da taxa do metabolismo basal, devido à febre e à infecção instalada.

A má absorção de nutrientes, que é causada pelo comprometimento da mucosa intestinal, resultante das infecções oportunistas do tracto gastrointestinal ou mesmo da acção directa do vírus do HIV. Esta condição acaba agravando o quadro clínico do paciente e provoca interferência na absorção dos medicamentos usados contra o HIV.

Ingestão alimentar diminuída, que é causada muitas vezes pela baixa disponibilidade de alimentos, situação financeira precária,  anorexia, da fadiga (limita a compra e a preparação dos alimentos), das náuseas, dos vómitos, das afecções na boca e no esófago (que causam dor durante a mastigação e deglutição), da dispneia, das doenças neurológicas, da depressão, da ansiedade, ou mesmo devido aos efeitos colaterais do uso dos medicamentos que afectam a alimentação e nutrição adequada.

Os pacientes portadores do HIV devem receber de preferência alimentos nutricionalmente saudáveis (balanceados e adequados às necessidades individuais) com a finalidade de melhorar o estado nutricional, níveis de linfócitos T – CD4, a absorção intestinal, e reduzir as complicações causadas pelo uso dos anti-retrovirais (diarréia, lipodistrofia, e outros).

 

As alterações nutricionais em pacientes com HIV ocorrem principalmente devido aos seguintes agravantes clínicos:

  • Febre por mais de 30 dias (intermitente ou constante) 
  • Baixa ingestão calórica, causada na maior parte das vezes por alterações do tracto gastrointestinal  
  • Alterações metabólicas: aumento do gasto energético, alterações proteicas e lipídicas e hiperglicémia
  • As alterações nutricionais em pacientes com HIV ocorrem principalmente devido aos seguintes agravantes clínicos:
  • Infecções oportunistas
  • Alterações neurológicas
  • Factores psicológicos (depressão e ansiedade)
  • Interacções drogas-nutrientes
  • Deficiência de micronutrientes

Necessidades nutricionais para pessoas vivendo com HIV

Uma nutrição adequada é importante para evitar a perda de peso,  manter o peso, e combater a infecção.

Neste grupo de indivíduos as necessidades energéticas estão aumentadas devido a infecção pelo HIV, as infecções oportunistas e das mudanças no metabolismo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2003) recomenda que as PVHS, devem consumir mais energia do que a população no geral para poderem satisfazer as necessidades energéticas acrescidas, resultantes da infecção e das alterações metabólicas causadas pelo vírus do HIV.

 

Estas necessidades energéticas variam com o estágio de infecção.

Um adulto infectado pelo HIV e sem sintomas (assintomático) requer uma quantidade de energia 10% maior do que o nível recomendado para um adulto não infectado.

Um adulto infectado pelo HIV com sintomas (sintomático) requer uma quantidade adicional de energia de 20%–30% acima do nível recomendado para um adulto não-infectado.

Recomendações para aumentar a quantidade de energia obtida dos alimentos

  • Comer pequenas quantidades de comida, mas com maior frequência (mais vezes ao dia).
  • Utilizar alimentos energéticos (de base e de energia concentrada) na sua alimentação diária como papa de cereais, mel, sementes, biscoitos, polpas de frutas com mel.
  • Enriquecer os seus pratos com: leite em pó, gema de ovo, sementes torradas e piladas, óleo, etc.
  • Ter alimentos sempre próximos de si, para comê-los sempre que estiver com fome.

 

  • Necessidades proteicas em pessoas vivendo com HIV
  • A ingestão de proteínas recomendada para adultos saudáveis não infectados pelo HIV é de 12% – 15% do consumo energético total.
  • Até ao momento não há evidências de que PVHS necessitam de quantidades adicionais de proteínas.
  • PVHS devem manter um consumo energético adequado para o seu estado, especialmente durante os períodos de doença, de modo a evitar que o organismo recorra as proteínas estruturais e funcionais como fonte de energia.

Necessidades em Lípidos (gorduras) em pessoas vivendo com HIV

  • Gordura na dieta é uma boa fonte de ácidos gordos essenciais e energia concentrada.
  • O consumo diário recomendado de gordura para um adulto saudável é 20%–35% do total de calorias.
  • A Organização Mundial de Saúde não recomenda as PVHS a consumir uma percentagem maior de gordura (20-35%) na sua dieta total.
  • Pessoas em TARV (devido ao risco de dislipidémia) ou com diarreia persistente poderão precisar de aconselhamento individual em relação ao consumo de gordura.

Necessidades em micronutrientes para pessoas vivendo com HIV

  • PVHS comumente têm deficiências de vitaminas (A, C, E, B6 e B12 e ácido fólico) e minerais (zinco, ferro e selénio), devido a perdas excessivas destes micronutrientes na urina (causado pelo elevado catabolismo).
  • PVHS devem ser suplementadas (cautelosamente e sobre orientação dos profissionais de saúde, pois este procedimento pode ser perigoso) para retardar a progressão da doença para estádios mais avançados.
  • Hiperdosagens de vitaminas e minerais, na maioria dos casos, provocam efeitos tóxicos ao organismo, podendo acarretar inibição da absorção dos ARV.
  • A OMS não recomenda que pessoas vivendo com HIV consumam quantidades de micronutrientes acima dos recomendados para população em geral.

 

Alimentação para pessoas com HIV

  • Na infecção pelo HIV, a doença e as suas intercorrências constituem elementos agravantes do estado nutricional dos pacientes.
  • Uma boa alimentação minimiza os efeitos colaterais indesejáveis decorrentes da terapia anti-retroviral e dos sintomas das infecções oportunistas.
  • A intervenção nutricional deve actuar em todos os estágios da doença com o objectivo de oferecer um suporte nutricional adequado.
  • Orientações nutricionais para gestão das complicações relacionadas ao HIV

Anorexia ou falta de apetite

  • Refeições pequenas e frequentes
  • Lanches e refeições com elevado teor calórico e proteico
  • Atmosfera agradável e relaxante para as refeições
  • Tentar consumir novos alimentos para melhorar o apetite
  • Beber líquidos entre as refeições e não durante
  • Fazer actividade física (leve), por ex. caminhar antes das refeições aumenta o apetite.

Diarreia

  • Uso de SRO
  • Beber muitos líquidos
  • Sopa e sumos de fruta
  • Dar vegetais e frutos ricos em potássio (ex: banana, batata)
  • Refeições pequenas e frequentes
  • Diminuir a ingestão de leite – iogurte é tolerado
  • Alimentos ricos em HC complexos - papas

Náuseas e vómitos

  • A maior parte dos pacientes com VIH, tem náuseas devido às infecções e à medicação:
    • Alimentos com baixo teor de gordura
    • Alimentos leves e frios ou à temperatura ambiente;
    • Refeições pequenas e frequentes;
    • Evitar alimentos muito doces
    • Alimentos pouco temperados
    • Líquidos calóricos entre as refeições
    • Dar alimentos antes da toma de medicamentos que possam provocar náuseas;
    • Repousar no mínimo uma hora após as refeições.

Dor na boca e dificuldades de deglutição

  • Oferecer alimentos semi-sólidos ou macios, líquidos ou em forma de purés;
  • Evitar alimentos condimentados, ácidos e quentes;
  • Usar palhinha;
  • Lavar a boca frequentemente.

Perda de peso

  • Comer no intervalo das refeições ex: fruta, iogurte, castanha, sandes;
  • Consumir alimentos de origem proteica: leite, carne, peixe, frango, ovos;
  • Se o doente tolerar, adicionar gordura nas refeições. Torna a comida mais apetitosa e fornece energia concentrada ex: amendoim torrado e pilado, óleo e margarina;
  • Acrescentar açúcar, mel, jam e outros doces na comida;

Fadiga

  • Aceite a ajuda dos familiares ou amigos na preparação da comida;
  • Se for possível prepare e congele a comida quando estiver a sentir-se bem;
  • Consuma alimentos altamente energéticos que sejam fáceis de consumir ex: abacate, castanha de caju e que não necessitem de preparação;
  • Descansar o mais que puder.

Perda de Apetite

  • Comer pequenas quantidades de alimentos mas, com maior frequência (mais vezes ao dia)
  • Praticar exercícios físicos, estes aumentam o apetite (ex: caminhar, ir à horta e outras actividades domésticas)
  • Comer os seus alimentos favoritos
  • Evitar alimentos com odor forte
  • Beber muitos líquidos, de preferência entre as refeições e não durante as refeições
  • Não consumir bebidas alcoólicas

 

Anemia

Comer alimentos ricos em ferro:

  • Alimentos de origem animal como carnes vermelhas e ovos.
  • Alimentos de origem vegetal como: Folhas verdes escuras (espinafre, folhas de abóbora, folhas de mandioqueira, feijão, ervilhas secas, amendoim etc.).
  • Comer alimentos ricos em Vitamina C com as refeições ou logo a seguir às refeições, para potencializar a absorção de ferro. Exemplo: laranjas, tangerina, toranja, tomate.
  • Não tomar café/chá com as refeições, pois estes interferem na absorção de ferro.
  • Desparasitar periodicamente, pelo menos uma vez em cada seis meses.
  • Seguir correctamente o tratamento da malária, em indivíduos com teste para malária positivo

Mudança de sabor (sabor metálico) no boca

  • Usar o sal, temperos, ervas e limão ao preparar alimentos para disfarçar as sensações de sabor estranho.
  • Em caso de sabor metálico na boca, prefira peixe e ovos em vez de carne vermelha.
  • Comer alimentos macios (pastosos ou bem esmagados).
  • Beber sumos ácidos (limão, laranja ou anánas) e adicionar vinagre ou limão aos alimentos para disfarçar o sabor metálico.
  • Tentar diferentes texturas de alimentos incluindo alimentos enrugados (ex: fruta) e suaves e lisos (ex: papas, doce de arroz).
  • Mastigar bem os alimentos.
  • Comer com utensílios de plástico ou à mão, lavados usando água corrente e sabão ou cinza, para disfarçar o sabor metálico.
  • Se a boca estiver seca, comer alimentos suaves, ou acrescentar molho aos alimentos, e beber pelo menos seis copos de líquidos por dia.
  • Humedecer os alimentos antes de comê-los.
  • Lavar a boca com uma solução feita com uma colher de sopa de bicarbonato de sódio numa chávena de água morna pelo menos duas vezes por dia, de manhã e à noite

 

Pirose e Flatulência

  • Comer pequenas quantidades de comida mas com maior frequência (mais vezes ao dia).
  • Mastigar devagar e de boca fechada, evitar falar enquanto mastiga.
  • Evitar alimentos que podem causar desconforto do estômago (relatados pelo paciente).
  • Evitar alimentos que causam gases tais como o repolho, feijão, cebola, alho, pimento verde e beringela.
  • Evitar comer 2–3 horas antes de dormir.
  • Fazer as refeições sentado e, imediatamente após as refeições, evitar ficar sentado. Evitar alimentos com muitos temperos, gordurosos e doces.
  • Não consumir álcool e não usar cigarros.
  • Evitar usar roupas muito apertadas na região do estômago.
  • Ao deitar, manter a cabeça mais elevada que o resto do corpo.

Prisão de ventre

  • Aumentar o consumo de água e outros líquidos, pelo menos oito copos por dia, em particular água fervida, filtrada ou tratada com cloro ou Certeza.
  • Aumentar o consumo de frutas maduras como manga, pêra goiaba, papaia, amêndoas e vegetais tais como folhas verdes, feijão, ervilha, abóbora, cenoura, e tomate, pois estes são ricos em fibras e estimulam a motilidade intestinal.
  • Beber um copo de água morna de manhã em jejum.
  • Tomar uma colher de chá de óleo ou azeite.
  • Fazer exercícios físicos regularmente, como caminhadas.
  • Comer mais hortícolas cruas ou levemente cozidos e previamente higienizadas (por exemplo, lavar vegetais e frutas crus com água tratada).

Febre e Suores Noturnos

  • Beber muitos líquidos, mesmo que não tenha sede, principalmente água tratada e armazenada de forma segura (fervida, filtrada, ou tratada com cloro ou Certeza, e armazenada num recipiente limpo e com tampa).
  • Comer pequenas quantidades de comida mas com maior frequência para evitar a perda de peso, evitar omitir refeições.
  • Aumentar o consumo de alimentos com energia concentrada, por exemplo, amendoim, sementes de gergelim, castanha de caju, leite/ óleo do coco.
  • Não ingerir bebidas alcoólicas.
  • De modo a baixar a febre: evitar se agasalhar demasiadamente e colocar uma toalha molhada e espremida na testa se necessário.
  • Deslocar-se a Unidade Sanitária se os sintomas não melhorarem